MC CARECA e Ideologia A Profecia Se Cumpre
MC Careca foi um porta voz da periferia paulista. Considerado violento e de fala agressiva por alguns, trouxe mudanças e impactou a comunidade que ele estava inserido. Através de seus projetos sociais, tentava afastar as crianças do tráfico de drogas. Ele era um dos representantes do funk em São Paulo na década de 90. O movimento ainda hoje é visto com preconceito por parte da sociedade, talvez pelas letras violentas ou por mostrar um contexto social que muitos ainda ignoram.
MC CARECA e a cultura que muitos ignoram
No Rock'n'roll, estilo musical aceito pelas elites, existem composições que pregam o mesmo cenário ditado pelo funk, qual seria a razão de apenas um deles ser reconhecido como legítimo? Ainda que o Brasil não perceba, o funk se enquadrada no quesito de música popular brasileira. O estilo é uma criação original nossa e representa a cultura de várias regiões do país. MC Careca e suas músicas mostram a parcela da população que a mídia e as grandes empresas tentam esconder: A voz de trabalhadores e futuros revolucionários.
A canção "Tá na memória" fala sobre a prisão mental que o atual sistema nos coloca. Através de versos simples, relata a imposição do sofrimento na vida daqueles que nasceram na posição de vítima, os colocando frequentemente atrás das "grades". Seu tom agressivo era direcionado a figura dos policiais. A letra de "Se mexer com nós", cantada ao lado de Pixote, hoje preso, é uma afronta aos policias, denominados por ele como vermes.
Entre os anos de 2010 e 2012 diversos cantores de funk foram assassinados na região litorânea de São Paulo, entre eles, MC Careca. Existe um mistério acerca do crime que tirou a vida de MC Careca e dos demais cantores que morreram na mesma época. Nenhum suspeito foi encontrado. Em homenagem ao seu parceiro de profissão Felipe Boladão, assassinado no dia 10 de abril de 2010, MC Careca lançou a música "Chorei".
A composição revela a dor que ele sentiu ao ter que reconhecer e anunciar para os fãs a morte de seu companheiro de estrada. Cristiano Carlos Martins foi silenciado no dia 28 de abril de 2012. Seu nome de batismo foi encoberto, assim como sua história, na maioria das matérias sobre sua vida e morte. Em contraponto, o apelido MC Careca e sua trajetória estão presentes no pensamento de milhares de almas que por ele foram tocadas. Conversando com Deus em "Vida cruel", MC Careca fala sobre sua história. Mesmo com todas as dificuldades, o amor por viver o guiava. Sua mãe faleceu e logo depois perdeu também o pai.
Um menino órfão que se criou em meio a todas as adversidades. Ao mencionar seu patriarca na canção, ele o intitula como seu bandido e herói. O homem que o ensinou sobre valores e amor. É impossível definir MC Careca, Cristiano Carlos Martins, por apenas um ponto de vista. Ele foi um homem que transitou por vários momentos do funk, suas letras iam de afrontas aos policias a conselhos para viver melhor em meio ao caos. Na composição "Se sintonize" ele critica a qualidade dos serviços públicos direcionados a população pobre.
Um pouco da nossa história: música nacional
Agenor encontrou em um de seus ídolos (Cartola) a importância e o peso do nome que tanto detestava na escola. O pequeno, por isso Cazuza, garoto, ou moleque, nascido poeta, tornar-se ia um profeta, nos alertando de um tempo onde nossos sonhos seriam vendidos até por nós mesmos em troca do pão de cada dia. Onde a fome doí tanto quanto um coração partido em meio à decepção de apostar nossa fé e bom senso em um sistema falido, e desumano.
Em meio a esse turbilhão alucinógeno, psicodélico, e inacreditável, jovens como cazuza, cuja caretice era uma doença curada com grandes festas e bebedeiras, falavam não o que deveria ser dito, mas sim o que deveria ser pensado por todos, não apenas repetido, mas compreendido pelo Gran Monde.
Ideologia eu quero uma pra viver... A juventude, o amanhecer da fase adulta comemorada com dores de parto, diversão e a alegria de todos os prazeres que por não deveria ser negada a ninguém. A doença tornava a juventude inquieta, temerosa, e oprimia o velho mandamento, o de viver... Infiéis.
As drogas se tornavam cada vez mais uma alienação, enquanto a espada empunhada pelos velhos mestres e heróis perdia sua força para o comodismo, e mensagens sem proposito. Meu Sex and drugs, não tem nenhum rock´n roll; morra por seu país, porque eles não têm intenção alguma de fazê-lo no seu lugar. Seus e nossos heróis tombaram um a um. Sobreviveram apenas os vilões com aparente boa intenção. Mas se o inferno de boas intenções está cheio, então em que pátria vivemos se habitamos o país das boas intenções?